Manter a concentração

Investigadores alemães realizaram, há anos, um estudo que conduziu à instalação de sistemas ABS em metade de um conjunto de táxis de Munique, deixando a outra metade desse grupo com travões convencionais.

Os condutores desses automóveis foram seguidos em segredo, com o apoio de sensores escondidos, durante três anos.

Como todos sabemos o ABS possibilita um melhor domínio do automóvel em caso de travagem, razão pela qual se esperava que a sua utilização concretizasse uma redução de acidentes, facto que não veio a ser observado.

Na verdade os condutores dos táxis com ABS apresentaram uma taxa de sinistralidade igual à do grupo que não estava equipado com esse dispositivo, fruto de uma condução mais agressiva, de travagens mais fortes, de maiores velocidades, de mais mudanças de faixa de rodagem e de curvas mais apertadas.

Este fenómeno, conhecido por homeostase do risco, resulta de uma falsa sensação de segurança que nos leva a um comportamento mais relaxado perante o risco.

Enquanto país encontramo-nos doentes e seguimos uma terapia que nos prescreveu austeridade, o que, como todos os medicamentes, nos trouxe um conjunto de efeitos secundários que nos estão a enfraquecer.

Neste quadro, a generalidade dos especialistas recomenda a promoção do crescimento e refere-se à necessidade de termos mais tempo e dinheiro para o nosso ajustamento.

Vendo necessidade absoluta de se dinamizar o crescimento, registo a ideia de não podermos relaxar no tempo e no dinheiro, sob pena de, embora aliviando os sintomas, não curarmos a doença, o que é o nosso verdadeiro objectivo.

Nota: Este artigo foi publicado na edição de 28 de novembro de 2012 do Açoriano Oriental

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